Lula e o PT querem uma eleição plebiscitária que compare os seus governos com os do fernadismo demo-tucano. Para tanto, vem fazendo sucessivas provocações (repercutidas pela mídia) ao candidato Serra para que saia do seu esconderijo e assuma a conduta do PSDB.
Mas Serra continua se escondendo, fingindo que não é com ele.
Frente à omissão de José Serra, parece que o seu partido, o PSDB (respaldado pela imprensa) resolveu aceitar o desafio e decidiu contra-atacar.
Primeiro foi o seu presidente Sérgio Guerra a subir no ringue com provocações baratas entorno do PAC e da própria Dilma Rousseff. Xingado pelo Lula, Guerra acabou apanhando feito um Agripino Maia, e obrigado a se recolher no ângulo em devido silêncio.
Agora foi a vez do FHC (na grande imprensa) a sair da cripta.
A tônica dos ataques é a mesma de sempre: Lula, Dilma e o PT mentem. Falseiam os dados para mostrar avanços, que seriam apenas resultados do próprio governo fernandista. Levantou a torcida e na mídia golpista foi só jubilo.
Para o PIG, FHC finalmente virou o jogo. De eterno nocauteado, levantou e voltou para a briga. Assumiu que é o alvo da campanha do PT e de Lula, e que não cabe a ninguém, nem ao candidato José Serra sair na sua defesa.
Fingindo de deixar a vaidade de lado, FHC resolveu brigar. Tentando desmontar a estratégia plebiscitária, desejada por Lula, invadiu o campo do adversário, deixando os flancos abertos como quem não tem mais nada perder.
Fez isso porque acha que o povo é influenciado pela mídia. E que através dela conseguirá revirar o jogo a favor do candidato tucano.
Fernando Henrique Cardoso que, além de ser um ex-presidente, é um sociólogo sabe muito bem que em politica a versão vale mais que o fato.
Mas na disputa de versões, FHC será o perdedor. Ele sabe disso. Então por que aceitar a provocação?
Pode haver uma explicação estratégica: ele atrai Lula, PT e Dilma para o confronto desejado por Lula. Enquanto se enfronham na disputa de quem fez o melhor governo, gastando tempo e esforço, Serra poderá emergir (quando candidato) com propostas para o futuro do Brasil.
Com sua investida FHC acha que os petistas, inclusive Dilma, irão gastar energias a toa com ele, enquanto Serra passa ao largo.
FHC está fazendo o pepel de “coelho” das corridas de fundo. Sai na frente obrigando os concorrentes a forçar o ritmo no começo, cansando-os, enquanto o seu favorito, sem se abalar com a correria inicial, mantem o seu ritmo, para no final acelerar e vencer de barbada.
Mas FHC esqueceu que entrou numa corrida, cujo ritmo já está sendo ditado por Lula. Que o PT já se mobilizou. E sobre tudo, que a grande mídia não é mais aquela formadora de opinião como já foi no passado.
Lula sabe disso. Não tem medo das contestações e do alinhamento da grande mídia com a candidatura da oposição, pois sabe que eles só alcançam a “opinião publicada” que não passa de uma minoria dentro do eleitorado.
É aquele tipo de minoria que no máximo causa incômodos e irritação no dia a dia dos militantes. Pouco para incomodar o Lula, que não assiste aos noticiários e tampouco lê jornais ou revistas, a não ser os clippings selecionados pelos seus assessores.
Quando Serra perceber que seu jogo de esconde esconde o levou para o caminho errado, lá será tarde demais.
Será como aquele fantasma, que em outubro de 2010, a grande parte do eleitorado já não saberá mais nem quem foi.
Tudo isso parece muito óbvio, mas o que espanta é como a mídia continua atrás das afirmações, transmitindo-as para a “opinião publicada” como se fossem palavras definitivas.
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* Sociólogo, reside em Santarém, Escreve regularmente no blog do Jeso (www.jesocarneiro.com).
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