terça-feira, 27 de agosto de 2013

Debate sobre os médicos me dá vergonha - Gilberto Dimenstein



O perfil dos médicos cubanos é o seguinte: em geral, eles têm mais de uma década de formados, passaram por missões em outros países, fizeram residência, parte deles ( 20%) cursaram mestrado e 40% obtiveram mais que uma especialização.
Para quem está preocupado com o cidadão e não apenas com a corporação, a pergunta essencial é: essa formação é suficiente?
Aproveito essa pergunta para apontar o que vejo como uma absurda incoerência - uma incoerência pouca conhecida da população - de dirigentes de associações médicas. Um dos dirigentes, aliás, disse publicamente que um médico brasileiro não deveria prestar socorro (veja só) se um paciente for vítima de um médico estrangeiro. Deixa morrer. Bela ética.
Provas têm demonstrado que uma boa parte dos alunos formados nos cursos de medicina no Brasil não está apta a exercer a profissão. Não vou aqui discutir de quem é a culpa, se da escola ou do aluno. Até porque para a eventual vítima tanto faz.
Mesmo sendo reprovados nos testes, os estudantes ganham autorização para trabalhar.
Por que essas mesmas associações, tão furiosas em atacar médicos estrangeiros, não fazem barulho para denunciar alunos comprovadamente despreparados?
A resposta encontra-se na moléstia do corporativismo.
Se os brasileiros querem tanto essas vagas por que não se candidataram?
Será que preferem que o pobre se dane apenas para que um outro médico não possa trabalhar?
Sinceramente, sinto vergonha por médicos que agem colocando a vida de um paciente abaixo de seus interesses.

sábado, 24 de agosto de 2013

O conselho de um médico para o seu Conselho

23 de agosto de 2013 | 22:37
Do Facebook do Tijolaço, pelo Dr. Fernando Cesário:
Falo (e escrevo) como médico, que sou: o senhor Roberto d’Ávila (presidente do CFM) tem perdido a chance de se manter calado.
Primeiro, porque a função de “combater” o programa Mais Médicos, se é que deveria ser feito, seria por um órgão de classe, como os sindicatos dos médicos, e não pelo Conselho Federal de Medicina, que deveria zelar unicamente pela prática médica, da ação ética dos seus filiados. E não o faz, com o necessário rigor.
Em segundo lugar, porque, em mais de uma oportunidade, tem externado posições horrorosas acerca do problema. Dia desses vi uma entrevista dele, na televisão, onde ele dizia que os médicos brasileiros não haviam se inscrito no programa porque não conseguiram preencher a inscrição(?!)
Quer dizer, ou ele é cínico ou nos chamou, a todos nós, de imbecis.
Em terceiro lugar, poderia se perguntar a ele, enquanto presidente do CFM porque nunca este órgão se preocupou, em toda a sua existência, de elaborar testes de avaliações para médicos, formados no Brasil ou no exterior?
Por qual razão um indivíduo forma-se numa faculdade qualquer desse nosso país e, no dia seguinte, de posse de um registro nos CRMs, pode atender a todo cidadão, sem dar provas nenhuma de sua capacitação?
Por que o CFM reluta em aplicar nos médicos recém-formados, uma avaliação, como faz, por exemplo, a OAB? Por que nossas associações não tomam nenhuma medida prática para que todo o nosso país, as nossas crianças, nossos idosos, nossas mulheres, tenham direito à atenção médica?
Por que não foi criada ainda a Ordem dos Médicos do Brasil, que se encarregaria da autorização para todo médico para iniciar suas atividades?
Sim, pois eles exigem, agora, o tal exame Revalida, que foi criado pelo MEC somente em 2011.
Antes dessa data, que atitude o CFM e os CRMs, repito, tomaram para garantir a boa prática médica?
Nós, médicos brasileiros, por nossas entidades, estamos perdendo boa oportunidade de não nos “queimarmos” com o restante da sociedade brasileira.
PS do Tijolaço: A questão que o Dr. Fernando levanta ao final de seu texto é muito séria. Não apenas porque os médicos merecem a confiança da população, em especial a mais pobre e carente, como, sobretudo, eles precisam dela como ferramenta terapêutica. É essencial que o médico tenha o respeito e a confiança do paciente e da coletividade, no caso da medicina de família e comunidade,  encontrando a acolhida e o acatamento necessário para que sua orientação seja absorvida e seguida. Não é apenas o caso do merecido respeito profissional, é uma questão  de saúde.
Por: Fernando Brito

Os jalecos engomados e seus uivos de desespero - Marco Antonio Araújo

   Os jalecos engomados e seus uivos de desespero
Criminoso. Não há outra palavra para definir o comportamento do presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, João Batista Gomes Soares. O fanfarrão declarou, com todas as letras, que vai orientar os médicos a não socorrerem eventuais erros dos cubanos que foram contratados pelo governo para trabalhar em áreas carentes. O cidadão está incitando profissionais da saúde a omitir socorro a quem eventualmente precisar.
O cara não teve nem a decência de manter a palavra. Quando viu o tamanho da barbaridade que falou, tentou consertar: "Nós não temos que socorrer o médico cubano, nós temos que socorrer o paciente". Essa frase capenga não consegue esconder o principal: a fúria que despertou em certa parcela da população, supostamente esclarecida, a vinda dos jalecos cubanos. A máscara caiu. Entraram em desespero, estão apelando, enlouqueceram. Por puro ódio. Ou vergonha do próprio egoísmo. Não há outra explicação.
Não adianta a enorme lista de argumentos a favor do programa Mais Médicos. Nada vai amenizar os instintos primitivos daqueles que simplesmente querem que tudo permaneça exatamente como está. Que continuem morrendo os milhares de brasileiros nos rincões deste País em que não há um único médico num raio de centenas de quilômetros. É pra esses lugares esquecidos que vai essa legião estrangeira.
Mas a turma do jaleco engomado quer mais que o povo, literalmente, morra. Porque nenhum brasileiro, muito menos os formados nas universidades públicas, quer ir para onde essa turma de missionários está indo. A máscara caiu no momento em que o governo abriu as inscrições para as vagas e nenhum, absolutamente nenhum, médico brasileiro se dispôs a enfrentar a porrada que é atender os mais necessitados — e , sim, em condições precárias, quando não inexistentes.
Agora, da maneira mais hipócrita, daquela forma maléfica que nossas elites têm quando não conseguem mais esconder seu individualismo, sua mesquinhez, sua alma pequeno burguesa, aparecem com o último argumento que lhes restou: os médicos cubanos são escravos. Escravos! Eles serão usurpados pelo governo da Ilha Maldita, separados de suas famílias e, quem sabe, carregarão bolas de ferro amarradas aos pés. Dai-nos paciência.
Sem ficar alimentando esse falso debate, só exponho um argumento contra essa falácia. Os cubanos são voluntários. Vou repetir: voluntários. E desconheço alguém que voluntariamente aceite ser escravizado. Eles serão remunerados, dentro de um programa que já foi implantado em mais de cem países, com competência e sucesso reconhecidos internacionalmente. Menos aqui no Brasil. Claro.
Um sistema político que consegue criar um excedente de médicos, a ponto de espalhá-los pelo mundo, sempre em regiões de extrema pobreza, merece ser tratado com um mínimo de respeito. E não sofrer os ataques violentos e irracionais que temos presenciado, principalmente nas páginas dos grandes jornais e revistas e nas telas dos telejornais dos barões da mídia. É a política, estúpido!
Quanto ao cidadão do CRM, só digo uma coisa: o que ele declarou, além de criminoso, é patético: nenhum paciente atendido por um médico cubano (que eventualmente erre) vai ser depois socorrido por médicos brasileiros, por um único motivo: eles não estarão lá.

sábado, 17 de agosto de 2013

À Classe Médica Brasileira - Stephen Kanitz

Suas lideranças usaram os argumentos errados na oposição à medida da Dilma, de importar 6.000 médicos cubanos.
A baixa qualidade do ensino cubano, a falta de condições para exercer a profissão, em nada convenceu a opinião pública.
Mania de médico não consultar ninguém antes de falar em público. Vejam agora o tipo de reação de um famoso jornalista brasileiro:

Não vamos nem falar no lastimável comportamento dos médicos e suas associações, agarrados a um corporativismo ululante, egoísta e desinformado“.

Como a imprensa divulgou, os Estados Unidos importam 25% dos seus médicos, Canadá 24%, Reino Unido 44%,  25.000 dos médicos sendo indianos.
 
Por que então o Brasil não deveria fazer a mesma coisa contratando médicos cubanos?

A razão é por Ética, algo que falta no Brasil neste momento. 

E era por estas linhas que a classe médica deveria ter trilhado.
Índia, Cuba, Nicarágua, Equador, gastam US$ 100.000 dólares para treinar um bom médico.

Educação médica é a mais cara do mundo, por isto faltam médicos, especialmente em cidades pobres que não possuem renda para compensar este custo de treinamento.
Normalmente em países pobres e de educação estatal, esta educação é feita com dinheiro público, dos povos destes países.

 
O povo indiano, cubano e africano investiram nestes estudantes de medicina, justamente para ter bons médicos no futuro para si, não para os outros. 
Os 25.000 médicos indianos que trabalham agora na Inglaterra, economizaram para o Governo Inglês US$ 2.500 000.000 de custos de treinamento. Nada ético.
E como consequência geraram US$ 2.500.000.000 de prejuízo para o povo indiano. Pagaram e não levaram.
Além de desestruturar a sua própria medicina local.
Uma das razões do sucesso dos Estados Unidos como potência econômica não tem nada a ver com suas políticas econômicas.

Seu sucesso tem sido justamente atrair profissionais treinados em outros países a custo zero. 
Os países mais pobres do mundo treinam por 25 anos jovens de talento, e uma vez formados são atraídos pelos melhores salários e oportunidades oferecidos pela política de imigração dos EUA.

É uma outra forma de explorar mais valia gerada pelas nações subdesenvolvidas do mundo.
E o Governo Brasileiro quer fazer isto com Cuba?

Escreve o Guardian.
For decades about 25% of doctors practising in the US received their training elsewhere.

This now amounts to close to 200,000 doctors educated abroad.

Around 5,000 were trained in sub-Saharan Africa; predominantly Ghana, Nigeria and South Africa, but also elsewhere.
The poorest will always lose out.”
Ética teria sido um argumento mais convicente do que corporativismo médico.

Meu lado economista é totalmente a favor em trazer médicos formados a custo zero. É uma bela “economia” para o déficit público deste país.

Mas meu lado administrador socialmente responsável diz que seria um roubo de talento do pobre povo cubano. 
Algo para os médicos pensarem.

domingo, 11 de agosto de 2013

TÕ DENTRO! TÔ FORA!!!

Deu no Jornal dos Tucanos, na edição de Hoje:

1. TÕ FORA, para o idiota Linomar Bahia, chamando de "ouro de tolo", todas as medidas tomadas pelo governo Dilma para beneficiar a população pobre, como a redução da conta de luz. Só um idiota como ele, que não deve pagar suas contas - devem ser pagas pela turma dos Maiorana - para cometer tamanha sandice!

2. TÔ DENTRO! Para o posicionamento do Juiz do STF Luiz Roberto Barroso, defendendo o cumprimento da Constituição para que os Congressistas determine a perda dos mandados para políticos condenados por atos de corrupção. Eis o que ele diz: 'Está na Constituição. Eu lamento que haja esse dispositivo. Mas está aqui. Eu comungo da perplexidade de Vossa Excelência. Mas a Constituição NÃO É O QUE EU QUERO, é o que eu posso fazer dela"! Toma-te Joaquim Barbosa & Cia.

3. TÔ DENTRO! para o artigo do Deputado Federal pelo PT, Cláudio Puty, sobre "Políticas Públicas e índice de desenvolvimento humano", falando dos avanços alcançados pelo País na era Lula-Dilma, naquela área. Concordo com o Presidente Lula quando diz "Nós temos o direito de reivindicar tudo que falta, mas temos a obrigação de reconhecer tudo que conquistamos!". Tô dentro, Puty e Lula!

4. TÔ DENTRO para o artigo do elio gaspari, afirmando que o PSDB e o PT minam a democracia: O PT que diz que o julgamento do mensalão é uma armação e o PSDB que tenta desmoralizar o CADE no processo de propinagem do Metro". Diz Gaspari: As duas condutas são radicalizações teatrais que tentam blindar hierarcas metidos em maracutaias. Concordo, plenamente!