sábado, 29 de maio de 2010

O craque da nação




por Tiberio Alloggio (*)

Os manuais de estratégia de guerra ensinam que para manter a coesão da tropa é preciso sempre manter viva a presença do inimigo. Quando o inimigo é fraco, é preciso cutucá-lo para que reaja. Quando é ausente, é preciso inventar um falso inimigo, ou até mesmo criá-lo.

O império dos Estados Unidos surgiu e se consolidou combatendo inimigos. No começo (depois de tê-lo apoiados) foram os alemães e o nazismo. Depois foi a volta do socialismo, da ex-União Soviética, Cuba e o Vietnã.

Com a queda do muro de Berlim e sem mais inimigos que justificassem sua supremacia, os EUA elegeram o terrorismo, e com ele a guerra ao terror. Um fracasso colossal.

As eleições americanas tentaram remediar aos erros ridiculamente trágicos de George W. Bush. Veio uma disputa de poder, sem maiores diferenças ideológicas, vencida por Obama, que ao assumir o Governo aliou-se à mesma elite politico financeira de Bush e manteve a política externa.

Só mudou de foco, ou melhor, de inimigo, que em sua administração, se tornou o Irã e seu programa de energia nuclear.

Mas o mundo já não era mais o mesmo. O peso politico-econômico dos países emergentes havia-se tornado preponderante, enquanto uma crise econômica mundial sacudiu os EUA e seus aliados, tornado obsoleto o unilateralismo americano.

É nesse “novo mundo” que veio brilhar a estrela do Brasil e do seu Presidente, que ao longo de seus mandatos, havia revolucionado a politica externa brasileira.

No continente latino-americano, abandonou a habitual “submissão brasileira” ao patrão norte americano, colocando uma pedra tumbal sobre a ALCA. Ampliou e fortaleceu o Mercosul e criou a UNASUL (Comunidade das Nações Sul-Americanas).

No cenário mundial, Lula surpreendeu ao implementar uma nova politica internacional baseada nas alianças “Sul Sul” com os países emergentes.

Foi graça a essa politica que a crise econômica mundial no Brasil não passou de uma marolina. As relações politicas econômicas construídas pela diplomacia Lulista (e as politicas sociais internas) permitiram tirar o Brasil da dependência politico-econômica do “patrão norte americano” e do manipulo de “países ricos”, esquivando as loucuras politico-financeiras que assombram essas potencias decadentes.

Foi a politica “Sul Sul” do Governo Lula, suas alianças com as economias emergentes como China, Índia, Rússia e Africa do Sul, que abriram o caminho para a aposentadoria do G8, concretizando um novo e mais amplo fórum mundial, o G20.

Foi graça a nova politica externa, num mundo cada vez mais alérgico ao hegemonismo norte-americano, que o Presidente Lula, se tornou “o cara”, e o Brasil uma presença indispensável no xadrez das “relações e mediações” internacionais.

E foi na hora dos EUA eleger o programa nuclear do Irã como novo inimigo da humanidade, que o Presidente Lula para evitar novas tragédias, tomou a responsabilidade para ele.

Pegou a bola no meio de campo, arrancou rumo a área adversaria, deu o drible da vaca na zaga norte-americana e marcou um histórico gol de placa. Deixando de saia justa os Estados Unidos, caso insistirem na politica de perseguir inimigos para perpetuar seu hegemonismo politico-econômico.

Nunca é demais lembrar que a atitude norte-americana contra o Irã, já foi tentada contra o Brasil em 2004, quando o Governo Lula restringiu a inspeção da Agencia Internacional de Energia Atômica às instalações de enriquecimento de urânio de Resende.

Na época, o Washington Post noticiou que o Brasil ocultava suas instalações de urânio. E na revista “Cience” dois “cientistas estadunidenses” faziam comparações entre o Brasil e o Irã alegando que o Brasil teria capacidade de produzir seis bombas atômicas por ano.

Mas não adiantou, pois o Governo Lula manteve as limitações, pelo direito do Brasil de proteger seus segredos industriais.

Mas o incrível dessa história toda é a reação do PIG (Partido da Imprensa Golpista) e da Rede Gobo, aos sucessos diplomáticos do Brasil. O mundo reverencia Lula como o novo astro do firmamento internacional, e aqui no Brasil, a mídia golpista, insiste em trata-lo como um terceiro-mundista fracassado, praticante de politicas isolacionistas.

O PIG ainda não assimilou o conceito de Nação Brasileira, protagonista estratégica do novo cenário mundial. Seu nacionalismo de meia tigela, se resume à Seleção Brasileira, a qual dedica blocos inteiros de seus tele-jornais exaltando “craques” do calibre de Josué, Kleberson, Felipe Melo e Gilberto Silva. Enquanto ao presidente Lula dispensa miseráveis segundinhos de maldade, editados por sinal.

Seria esse um caso de submissão tipico do “complexo de “vira lata” que afeta nossa elite politico-midiática? Ou seria mais um episodio da costumeira “vira-látice” jornalistica contra o presidente Lula e seu governo?

Provavelmente os dois.

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* Sociólogo, reside em Santarém. Escreve regularmente no blog do Jeso (jesocarneiro.com.br)

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