quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Como Será Este Segundo Turno? - Stephen Kanitz

Apesar do PSDB ter considerado o segundo turno uma vitória, Serra está indo para o segundo turno graças a campanha bem sucedida da Marina.
Algo me diz que Marina teria tido melhores chances contra a Dilma do que Serra num segundo turno. Primeiro Marina teve muito pouco espaço na TV e num segundo turno seria bem mais recohecida.
Segundo Guilherme Leal, somente 40% dos eleitores conhecem de fato a Marina, o que significaria que seus 19% na realidade representam 47% de uma população inteira.
Tanto isto parece ser verdade que Marina teve 45% dos votos no Distrito Federal, onde todos a conheceram como Ministra.  Serra não terá o apoio de Aécio, Alckmin nem FHC, apesar de querer. Ele brigou com os três, e brigou feio porque nenhum deles o apoiou de fato. Serra também tem o maior índice de rejeição dos candidatos, e isto pesa.
Nas eleições de 2002 e 2006, Lula teve os mesmos 47% no primeiro turno e acabou com 61% no segundo. Era o Lula Bicho Papão de 2002, e Lula do Mensalão de 2006. Dilma portanto está numa posição bem melhor.
Se os votos de Marina se dividirem meio a meio, Dilma termina com 56%.
Dilma terá o apoio redobrado de Lula, que tem como trunfo a capacidade de fazer um discurso emocional se precisar.  Vamos ver.
A lição que o PSDB tirou desta eleição foi que esconder o FHC foi um erro, dada a vitória surpreendente do Aníbal para Senador, que não o escondeu.
Acho que trazer FHC na campanha agora é que seria um erro, novamente falariam do passado, quando o eleitor quer ouvir sobre o futuro.
E, o governo FHC não foi exatamente tudo o que a imprensa afirma continuadamente.
1. O Plano Real foi no Governo Itamar.
2. A Telebrás já era uma empresa privada, 83% das ações pertenciam àqueles que compraram  um "plano de expansão", financiando seus próprios telefones, se tornando acionistas SEM DIREITO DE VOTO.
O governo FHC pulverizou a Telebrás em 18 pequenas e pouco competitivas empresas, e vendeu os 17% que tinha, que era o  bloco de ações de controle, com um ágio questionável.
Questionável, porque estes 17% estariam valendo hoje uma fortuna, já que a Telebrás passou a ser bem administrada e aumentou a base de 10 milhões para 200 milhões de telefones em menos de 10 anos.
Se tivessem mantido os 17% e simplesmente dado o direito de voto a nós acionistas, teríamos colocado os mesmos administradores profissionais e não políticos, e teríamos mais uma empresa de classe mundial. Compraríamos a Telefonica da Espanha e não vice versa.
3. Lei da Responsabilidade Fiscal. Todo mundo acha que a lei limita o endividamento dos Estados e Municípios, mas na realidade limita os gastos de salários a 60% do orçamento.
Erraram de métrica. Deveria ter limitado dívidas, e não salários a x% dos ativos, ou receitas, ou então os juros pagos a x% das receitas. Usaram a métrica totalmente equivocada, e pior dispensaram o Governo Federal desta lei.  Ou seja, "meia" responsabilidade fiscal, só para os outros, como sempre. O governo federal não precisa limitar gastos com pessoal a 60%, o que o Governo Lula demonstrou.
Do lado negativo:
1. aumentou a dívida interna para 54% do PIB,
2. indexou a dívida interna ao dólar, a âncora cambial,
3. aumentou os impostos para 34% do PIB,
4. os juros para 26% ao ano,
5. entregou um governo sem reservas e com uma dívida com o FMI
6. destruiu o sistema de avaliação gerencial e todos os balanços publicados das empresas brasileiras, congelando seus valores em 31 de dezembro de 1995, algo que só contadores reclamam e sabem o estrago que isto acarreta.
Esta historia que Lula recebeu uma situação mais do que tranquila de Pedro Malan, é propaganda de economistas tucanos, que dominam a nossa imprensa descaradamente, e escondem a tranquilidade que Dilma receberá de Meirelles, um administrador tucano a serviço do PT.
Portanto, cutucar o passado pode ser um grande equívoco do PSDB, Serra estava correto na sua estratégia no primeiro turno.

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