quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2010, a esquina da oposição - Tiberio Alloggio

O PIG (Partido da Imprensa Golpista), através do colunismo e de seus analistas políticos, está reclamando de uma suposta falta de empenho da oposição política ao Governo Lula.

Míriam Leitão (e Cia.), que nunca mediram esforços para detonar, através dos meios de comunicação o Governo do PT, estão se queixando da falta de “vontade” de seus representantes políticos, que ao invés de esbravejar, estariam hoje mais preocupados em escaldar as poltronas que ainda ocupam.

Pelo jeito, o PIG, através de seus articulistas, parece ter se convencido de que a conjuntura política da oposição estaria numa situação confortável.

Segundo a análise deles, Lula e o PT, por falta de candidatos fortes em 2010, entraram num beco sem saída. Seja para a sucessão presidencial, como para os governos estaduais.

Daí essa puxada de orelhas do PIG aos seus políticos para que acabem com as disputas intestinas (entre os tucanos) e mantenham a pressão em cima dos governos do PT.

Mas o que significa fazer oposição política? E para que serve?

Oposição política é feita por grupos políticos ou partidos que estão fora do poder e querem conquistá-lo. Num regime democrático, essa conquista se faz por meio de eleições, ganhando a preferência do eleitorado.

Para tanto, a oposição tem que bater na situação, dificultar a sua atuação, e criticá-la para que o eleitorado a veja como incompetente, corrupta, ineficiente. A fim de alcançar o objetivo, e voltar ao poder.

Mas o que os analistas do PIG não enxergam é que uma oposição no grito, sozinha, não leva a alcançar poder nenhum. PSDB e DEM já trilharam por esse caminho e fracassaram clamorosamente. Depois de 7 anos de gritaria, Lula nunca foi tão popular.

O que realmente faz falta a eles, não é uma oposição aguerrida aos governos petistas, mas ideias e propostas para um projeto político que os tornem eleitoralmente competitivos.

Mas, pelo andar da carruagem, a oposição continua preferindo viver no mundo da lua, só esperando que pelo fato do mundo girar, o poder lhe cairá de volta nas mãos, naturalmente.

Para complicar a vida politica da oposição, o tabuleiro demo-tucano se tornou ainda mais complicado.

Se em nível nacional as arestas entre Serra e Aécio só crescem, agravadas pelo fato de ter que carregar um peso morto do tamanho do FHC. Em nível estadual, a rixa entre tucanos se tornou incontornável. Almir e Jatene prometem se detonar até o fim.

Historicamente, sempre foi o PT que perdia seu tempo nas disputas internas, mas agora é o próprio PSDB a viver uma situação parecida. Só que a guerra entre tucanos é uma rinha de galos, surda, sem o debate de conteúdo que caracterizava as disputas petistas.

Para piorar, os estados onde demo-tucanos governam estão em apuros, passando por uma roda de escândalos que parece não ter fim. Cássio Cunha Lima já foi cassado. Ivo Cassol (RO), José de Anchieta Júnior (RR), Yeda Cruises (RS) e José Roberto Arruda (DF) (perseguidos por escândalos) estão todos com pedidos de cassação e politicamente mortos.

Enquanto isso, depois das desgraças da cratera do Metrô e do Rodo-Anel, José Serra está se afogando no alagão de São Paulo.

Com isso, o mote principal dos estrategistas do PSDB entrou em xeque, pois o “modelo de gestão” mais eficiente do mundo entrou no ralo da corrupção.

Esse é o verdadeiro feito demo-tucano. Implantaram um “choque de gestão” que não vai convencer o eleitorado de que se trata de um modelo melhor do que o da Dilma Rousseff.

Ademais, o Brasil em 2010 estará crescendo acima de 5% e Dilma vai crescer junto.

Enfim, tudo indica que a esquina da oposição em 2010 é na realidade um beco sem saída. E que permanecendo no grito, sem buscar projetos e conteúdos, cairá fatalmente na armadilha de Lula, o qual (orientado pelo gênio do marqueteiro João Santana) a fará perder para si mesma.

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* É sociólogo e reside em Santarém. Escreve regularmente no blog do Jeso (www.jescoarneiro.com).

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