sábado, 19 de dezembro de 2009

A lista triplice do vice do PMDB - Stephen Kanitz



Quem seria o melhor candidato para Vice, do ponto de vista do PMDB? E, quem seria o melhor para o PT? Michel Temer, Edison Lobão, ou Henrique Meirelles? Eis a questão.

Para o PT, seria sem dúvida Henrique Meirelles, porque acalmaria os mercados da mesma forma que o vice José Alencar acalmou.

Com uma enorme vantagem, Meirelles não é um empresário, "maximizador de lucros", e sim um administrador, da linha socialmente responsável, uma bela diferença.

Daria um ar de modernidade ao PT e o PMDB, e atrairia os votos dos 2 milhões de administradores do Brasil, seus familiares e muitos de seus colaboradores. Seriam 10 milhões de votos no mínimo. Um outro empresário do tipo Alencar traria calma, dinheiro de campanha, mas não traria votos.

Michel Temer seria um bom Vice, mas não teria a capacidade de substituir a Dilma, no caso de uma eventualidade ou recaída na sua saúde. Desde 1963 nossos problemas foram votar no Presidente sem se preocupar com o Vice.

Meirelles já declarou publicamente que seu grande medo é o Brasil, (mais uma vez) não saber administrar o seu sucesso atual.

Notem o uso do termo "administrar o sucesso".

O Brasil jogou fora sistematicamente todos os seus "bilhetes premiados", como o Plano Cruzado, o Plano Verão, o Plano Collor, o Plano Real, porque os mesmos que bolaram os planos "econômicos" se achavam competentes para "administrar" a etapa seguinte.

Pior, tomados pelo sucesso, gastaram mais do que deviam, não criaram reservas quando podiam, para serem usadas em crises futuras.

Do lado do PMDB, a escolha é mais complicada. Michel Temer deseja o cargo, Meirelles é um partidário recente, e bem diferente da média dos políticos.

Michel Temer seria "mais do mesmo". Daria apoio ao governo em troca de favores políticos ao seu partido, indicaria membros para cargos no executivo, mas deixaria o PMDB com ares de um partido oportunista, como tantos outros.

Meirelles seria um Vice atuante, seria ouvido constantemente pela Dilma, faria parte do Núcleo Duro, e poderia marcar muitos pontos a favor do PMDB.

Poderia inclusive modernizar o PMDB, criando uma nova geração de administradores políticos, que seriam úteis em todos os governos futuros, que precisariam do PMDB não pelos seus votos, mas pela capacidade de fornecer quadros administrativos.

Existe maior poder do que isto?

Pense novamente, se você é um político do PMDB. Vocês querem cargos administrativos ou querem continuar com o pires na mão?

Como bem disse Levy Strauss, "O Brasil não pode continuar correndo o risco de se tornar obsoleto antes de ficar pronto".

Ter um administrador como Vice, um administrador socialmente responsável como reserva, seria aceitar finalmente a modernidade, implantada nas empresas desde 1946, num governo notoriamente mal administrado, formalista, legalista e assim por diante.

A ideia da lista tríplice obviamente não veio do Lula, e sim de membros do PMDB preocupados com a pré-indicação do Temer, e deixar o pepino da recusa do nome Temer para o Lula. Provavelmente, na lista estaria o nome de Meirelles, mas para isto temos que convencer centenas de deputados do PMDB.

O PMDB poderia daqui uns 8 anos estar pronto para assumir o comando do país, de ser um partido de situação e não de "participação".

O que nossa democracia não pode correr, é o risco de não termos partidos de oposição, somente partidos de "participação", sem ideias próprias, sem capacidade de assumir cargos, somente pedir favores.

Se você é um administrador, contador, gerente, supervisor, contate o deputado do PMDB de sua cidade, e use estes argumentos para tentar transformar o PMDB, (e os demais partidos "participativos" deste país) a entender este raciocínio.

Precisamos de partidos bem administrados, para podermos ter governos bem administrados, e o PMDB poderia mostrar o caminho.

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