Se eu fosse Lula
Por Tiberio Allogio publicado no www.blogdojeso.com, em 11/09/2009
Se Lula fosse um político tradicional seria jogo fácil identificar as suas estratégias.
Se eu fosse ele, com a popularidade que tem, não hesitaria em passar como um trator em cima dessa raquítica e insuportável oposição demo-tucana. Teria já criado as condições políticas para disputar um terceiro mandato. Que ganharia de barbada.
Como também invadiria a oposição demo-tucana em sua própria casa, candidatando-me ao Senado por São Paulo, carregando nas minhas costas o transtornado Aloísio Mercadante e fazendo uma bancada só de senadores petistas.
De quebra, “puxaria” a eleição de qualquer candidato ao governo do Estado de São Paulo, além, claro, de eleger (do meu quartel geral em São Paulo) Dilma Rousseff sem grande esforço.
Depois do arrombamento da casa dos penudos em São Paulo, aos tucanos só restaria tentar a sorte na Colômbia, depois de ter pedido asilo politico ao narco-presidente Álvaro Uribe. Ou aqui em LoSTM, na praia do Paju.
Numa jogada dessas, reforçaria a reeleição dos senadores petistas, fazendo com que Delcídio Amaral, Ideli Salvati e Fátima Cleide desistam em concorrer aos respectivos governos estaduais.
O único a concorrer a governo estadual seria Tião Viana, que por estar no meio do mandato de oito anos, deixaria a vaga ao seu suplente Aníbal Diniz. Enquanto o lugar de Marina Silva poderia ser ocupado pelo atual governador Binho Marques, levando junto com ele o ex-governador Jorge Viana e ainda Sibá Machado para mais uma trinca do PT no Senado.
Com uma base dessas, Lula aumentaria a bancada do PT no Senado, tornando-a segunda maior bancada, respeitando (apenas formalmente claro) a liderança do PMDB. Mas daria um ponto final aos espaços do PSDB e do DEM, dentro do Senado.
Se, nessa perspectiva, Lula emplaca Dilma, assegura para ela a governabilidade total no Congresso.
Se por ventura Dilma perder, quem for o eleito em seu lugar, ficará refém do Congresso e da liderança de Lula. Que deverá voltar com tudo à Presidência em 2014.
Se eu fosse Lula, esse poderia ser o plano B, pois o plano A, que seria a reeleição, infelizmente Lula não quis.
O plano B, no entanto, tem um urubu a sua espera ali, logo na esquina, que é o precário estado de saúde (câncer) que atenta e atormenta a vida do vice-presidente José Alencar. Fato que pode inviabilizar o seu exercício interino da Presidência.
Nesse caso, os dois sucessores dele na linhagem, são todos do PMDB.
Se for o presidente da Câmara Michel Temer assumir, não poderá se candidatar a deputado federal. Porém, considerando sua idade, assumir a presidência da República significaria para Temer alcançar o auge de uma carreira política sempre na ponta.
Ainda que por curto prazo, o de Temer seria um exercício da Presidência real. Enquanto como eventual vice de Dilma, seria apenas decorativa.
Mas também Temer poderá se arriscar na busca de um novo mandado de deputado federal. Nesse caso um lance pelo menos arriscado, porque nas últimas eleições quase que não conseguiu se reeleger.
Se Temer resolver não assumir, a Presidência interina ficaria portanto com José Sarney. Que, em 2010, não precisa concorrer ao Senado, pois o seu mandato vale até 2014.
Quem vocês acham que Lula preferiria na Presidência inteirinha, no caso ele resolvesse seguir os meus conselhos e se descompatibilizar, nessa estratégia de fortalecer o PT dentro do Senado Federal?
José Sarney ou Francisco Dornelles? A alternativa Garibaldi Alves fica comprometida pelo desejo dele de tentar de novo o governo do Rio Grande do Norte. E o mesmo ocorre com Tião Viana.
José Sarney claro, pois na Presidência o Rei do Maranhão seria apenas um “pato manco”, sem poder efetivo, e refém de Lula.
Se eu fosse o presidente Lula, a equação estaria já definida. Mas infelizmente não sou.
Se Lula fosse um político tradicional, talvez embarcaria nesse mesmo jogo de xadrez para dar o xeque mate na moribunda oposição demo-tucana. Mas ele não é.
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* É sociólogo. Reside em Santarém e escreve regularmente no blog do Jeso.
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