segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pesquisas e tendências eleitorais - Tiberio Alloggio



As intenções de voto captadas pelas inúmeras pesquisas desse início de corrida presidencial nos mostram um José Serra estagnado e um pouquinho à frente de Dilma.

As pesquisas eleitorais, como se sabe, são apenas um reflexo de um momento presente. A própria pergunta reflete isso: Se as eleições fossem hoje, em quem você votaria?

Nas sequências podem mostrar uma tendência, que sempre será interpretada de forma parcial pelos uns e pelos outros, em função dos interesses de partidos e coligações.

As pesquisas não garantem o resultado das eleições, mas têm grande importância para as composições políticas e, sobretudo, para a captação dos recursos de campanhas. Inexistindo financiadores por ideologia, as campanhas eleitorais são financiadas por interesses: sempre interesses pragmáticos, nada de programático claro.

Por isso, os grandes financiadores, mesmo torcendo para “um único cavalo” nunca deixam de apostar também nos demais concorrentes. Desses, Ciro Gomes continua à “espera de um milagre”. Dono de personalidade e convicções politicas fortes quando peemedebista, Ciro aprendeu que o seu partido, o PSB, precisa de base regional de deputados e senadores, consistente.

Por isso, Ciro acha prioritário quebrar a hegemonia do PMDB nos estados, dentro de outro padrão ético. Ele está convencido que a aliança PT-PMDB trava a evolução politica do Brasil, e está brigando para que essa não prevaleça. Sua capacidade de convencimento é grande e só Lula seria capaz de demovê-lo.

Por se achar candidato melhor do que Dilma, ainda não abandonou a disputa. Mas Ciro só será candidato de Lula se Dilma cair nas pesquisas, e caso insistir em concorrer por fora, será para bater forte no Zé Serra, do qual tem intolerância genética.

Marina Silva, para a grande massa eleitoral, continua ainda uma ilustre desconhecida. A maioria dos eleitores só tomará conhecimento dela quando começar a aparecer no “programa eleitoral gratuito”.

Marina Silva é daquele tipo de figura que brilha de “luz própria”, o que inibe as possíveis tentativas de desconstruir sua candidatura. Porém, sua luz ainda não tem a força necessária para iluminar o coração da grande massa. Por isso, somente um milagre poderá garantir uma sua eventual vitoria eleitoral.

No entanto sua presença na campanha fará com que o programático entre no debate eleitoral,
contribuindo para que o eleitor acredite em programas e não em personagens. Marina não precisa interpretar uma personagem. Ela é a própria personagem. Que passa autenticidade e só precisa se manter como tal.

Sua presença enfraquece a campanha de Serra, e tenderá a tirar mais votos dele do que de Dilma. Também poderá agregar os votos de protesto, oferecendo uma alternativa para todos aqueles que estão desiludidos com a política

Marina não tem como influir no resultado final, mas poderá ter efeitos importantes, como evitar uma decisão no primeiro turno e até emergir como uma força para 2014, comandando um PV renovado, despoluído dos Gabeira, Penna, etc. da vida.

Os dois candidatos mais bem situados na disputa pela Presidência não tem muitas opções. Serra, é remanescente da fracassada época neoliberal Fernandista, enquanto Dilma se fez no berço do lulismo. Ambos estão suficientemente carimbados e agora só precisam dar prioridade ao pragmático, para conquistar votos do eleitorado.

Na disputa entre os dois, pesará como uma montanha o legado com os seus respectivos padrinhos. E nesse sentido, Dilma leva vantagem.

Os mais de 80% de aprovação de Lula não são irreais. Lula conseguiu a façanha de que o povo brasileiro se sinta feliz com seu governo. Ainda assim persiste uma pequena parte que mesmo se sentindo bem, não aceita nem o governo e nem a pessoa. Porém, apenas uma ínfima minoria sente-se mal com Lula, mas é aquela minoria invejosa que sempre sofre com a felicidade dos outros.

Lula governa com sua imensa capacidade de se sair bem em todas as circunstâncias, comandando o crescimento e o desenvolvimento do Brasil. Enfim, tudo indica que será o apoio explícito do Presidente Lula que deverá decidir essa eleição.

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* Sociólogo, reside em Santarém. Escreve regularmente no blog do Jeso.

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